venerdì 15 novembre 2013

A palavra ao estudante: Eros Olivieri - "Depois do terramoto uma aparente bonança: a ditadura do Marquês de Pombal"

Na sequência das últimas aulas de Português, o nosso aluno e amigo EROS OLIVIERI escreveu esta reflexão sobre a "bonança" aparente que veio depois do grande terramoto de Lisboa... Obrigado por mais esta preciosa colaboração!


Depois do terramoto uma aparente bonança: a ditadura do Marquês de Pombal.

Em 1750 o novo rei D. José, o Reformador, escolheu para a Secretaria dos Estrangeiros e da Guerra o Marquês de Pombal, com 51 anos. Ele era de família nobre mas não rica que se situava entre a burguesia e a nobreza. Casou-se com uma viúva rica e nobre, mais velha do que ele.

Garantida a sobrevivência, sendo muito ambicioso, o Marquês iniciou os esforços para conquistar uma posição. 

Em 1755 o terramoto de Lisboa foi a sua boa sorte. Numa altura em que Portugal estava riquíssimo sobretudo graças ao ouro e às riquezas do Brasil, o terramoto destruiu a sua rica capital e muitos outros lugares.

A reconstrução de Lisboa foi uma imensa obra, quase um milagre de vontade, organização, competência técnica, entusiasmo nacional. E o resultado foi uma nova, lindíssima, organizada cidade como ainda hoje a podemos admirar e que tudo o mundo continua a agradecer.

Chegou à cidade a beleza, a bonança, o orgulho depois do terramoto destruidor.
Mas qual foi o preço por tudo isto?

Foi a ditadura do Marquês, para quem o terramoto foi uma grande oportunidade política.

O Marques chamou a si todos os assuntos e governou com mais de 230 ordens escritas.

Ele proibiu todas as obras de iniciativa particular; a capital devia ser reconstruída segundo um plano imposto pelo Estado ou, melhor, pelo Marquês. O povo, dizia o Marques, tinha mau gosto e era desprezador do que não lhe era útil; e portanto não podia ter a liberdade de fabricar edifícios. Lisboa devia ser reconstruída como a sociedade e como o Estado: linhas rectas, alçados  iguais para todos, proibição de qualquer manifestação exterior que sugerisse a nobreza o a condição social do proprietário; proibição de colocar alegretes ou sequer vasos com cravos nas janelas. E estas regras eram aplicadas às igrejas também. 

A acção do Marques provocou resistências que foram reprimidas com dureza.  O povo protestou com força, sobretudo no Porto. O terror dominou então na cidade. A nobreza foi destruída em Portugal. Os potentes Jesuítas foram expulsados do país. 

E o poder do Marques continuou até 16 Augusto 1781, o dia em que ele, depois de um grande processo, durante o reinado da rainha D. Maria I, a Piedosa (!), foi condenado pela sua acção ditatorial - a chamada "viradeira" política.

Morreu um ano depois daquela condenação, com 83 anos, em Pombal.

Desde então para cá, Portugal nunca mais encontrou um durável período de bonança, nem sequer depois da Revolução dos cravos em 1974. Que pena! 

Fonte: José Hermano Saraiva, História de Portugal, Ed. Sábado, vol. 3, cap. 8, pág. 55 seg.

 EROS OLIVIERI 

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