lunedì 22 maggio 2017

CLAUDIO BIBBIANI - Uma carta para o Nedo




O nosso aluno do primeiro ano, CLAUDIO BIBBIANI acaba de nos enviar um texto comovedor, que fala do seu 25 de abril de 1974.
Claudio acrescenta: «Alguns arcaísmos verbais que podem estar presentes no texto, são parte de uma ideia de escrever em voga na literatura popular do século XIX. Por outras palavras eu falo de formas expressivas de "romance histórico". Falo do que gera uma carta que abre para algo mais... sobre questões como aquela de conhecer multidões de pessoas, abraçar o comunismo, a igualdade e a utopia; e ao mesmo introduz o testemunho de uma amizade como tema de uma história
Sobre a amizade, escreve: «Tema fundamental para o homem que é acima de tudo um animal social; que não pode viver uma vida plena sem experimentar o sentimento de amizade, talvez o mais profundo de todos os sentimentos; que muitas vezes ameaça  tornar-se também um sonho nunca percebi.»
Muito obrigado ao Claudio por este texto e pela seleção de imagens que nos enviou juntamente a esta carta para um Amigo ausente.


Cada um de nós tende a reter uma carta na gaveta, por assim dizer, embora nunca realmente tenha escrito a carta...
Roma, 28 de abril de 2017
Caro Nedo,
Somos da mesma idade. Conhecemos-nos em 1954, quando nascemos, no mesmo lugar. Nós estamos ainda juntos na Revolução dos Cravos.
 Lembro-me do verão de 1974. Lisboa está diante dos meus olhos. É uma noite de Agosto, não me lembro o dia. Chegámos à tarde.
Antes de chegar a Lisboa, paramos na praia em Nazare, observando as famílias dos pescadores que aguardam o retorno de seus entes queridos do mar.
E estamos já na grande praça do comercio, é escuro, mas as luzes da cidade iluminam-nos. Lisboa e as suas luzes criam calor no corações e nas mentes.
Muitos jovens de toda a Europa têm o prazer de se conhecer, de se abraçar: comunismo, igualdade, utopia.
Nós movendo-nos lentamente ao longo da rua principal que corre junto ao Tejo. Vamos marchar para frente do palácio presidencial.
Um oceano de aplausos, que começou devagar, explode para celebrar o primeiro ano do novo Portugal. A ditadura fascista de Salazar é apenas uma memória.
Chegamos à Torre de Belém. Tejo e tabernas estão lá para acomodar todos. A noite será longa e sonhadora. Vai ser a melhor noite de um sonho não realizado. Mas não importa. A carícia para curar as feridas é o tempo.
Mas agora tu deves descansar.
Aqueles que amam um amigo querem a paz para ele.
Blaise Pascal pensava que o quarto onde a criança tem medo, é a representação da miséria humana.
 Tu és um bom homem, tu és meu amigo.

CLAUDIO BIBBIANI 




2 commenti:

Lisananda ha detto...

Foi um momento comovedor em que ouvimos a carta do nosso amigo Claudio...e ler suas palavras oferece as mesmas emoçoes...muito obrigada ao Claudio

Annalisa

Anonimo ha detto...

Atmosfere e stati d'animo rievocati con delicatezza e grande efficacia narrativa. Si legge tutto d'un fiato. Quando fu Claudio a leggerlo, anzi ad interpretarlo con immediata e autentica partecipazione, oscillammo tra le emozioni evocate dal racconto dell'episodio antico e quelle intense comunicate istantaneamente ai nostri neuroni specchio dalla commozione dell'Autore. Grazie Claudio. Sono orgoglioso di stare nella stessa classe con una persona di tale delicatezza d'animo.
Paolo