giovedì 12 aprile 2018

GABRIELLA MONTALI sobre Cesária Évora


A nossa aluna GABRIELLA MONTALI envia-nos este texto, que bem demonstra a sua paixão pela música caboverdiana e pela sua Diva absoluta: Cesária Évora.
Obrigado, Gabriella!



Gostava de falar da “divina Cesária Évora”, que foi a cantora de “morna” mais famosa no mundo. A “morna” é a música nacional do arquipélago de Cabo Verde, a antiga possessão portuguesa na África.
A “morna” é uma música lenta, que exprime uma nostalgia pungente, e representa “o chorinho do povo de Cabo Verde”, um povo na maioria migrante.

Frequentemente comparada aos “blues” americanos, a “morna” tem sentidos semelhantes àqueles do fado tradicional de Lisboa. Como no fado, também na “morna” se fala de amor, de mar, de marinheiros partidos para terras remotas, e de mulheres que ficaram sozinhas, lamentando a falta dos homens delas. Numa palavra: na “morna” fala-se de SAUDADE. 
E “Sodade” (esta palavra significa precisamente saudade, no dialeto de Cabo Verde) é o título duma famosa canção da Cesária.


A “Rainha da morna” nasceu na cidade de Mindelo (em Cabo Verde) em 1941, e ali morreu em 2011. Dedicou toda a sua vida à música da sua amada terra, e às raízes dela. Pela sua voz única e carinhosa, Cesária conseguiu exprimir emoções profundas, e uma infinita doçura, apesar duma vida muito difícil, começada num orfanato. Foi no coro do orfanato que a órfã Cesária começou a cantar. Quando era adolescente, foi un marinheiro (o Eduardo) que lhe ensinou as  canções da tradição popular de Cabo Verde, que ela começou a cantar nos hotéis e nos bares. Tornou-se rapidamente famosa, mas quase só no seu País: ela ficou muito tempo quase desconhecida no estrangeiro, até gravar o disco intitulado “A dama descalça”, no ano 1988, em Paris, quando já tinha 48 anos. Desde então, para todos, tornou-se “A dama descalça” (costumava cantar de pés nús), e foi uma artista aclamada em tudo o mundo.

Em Itália cantou também a lindíssima canção “Quel casinha”, com o Adriano Celentano, numa bela readaptação da famosa canção “Il ragazzo della via Gluck”. 


Como é que eu descobri a “morna”? Foi no último verão, em Lisboa, ouvindo um grupo de músicos vindos de Cabo Verde, que tocavam canções deslumbrantes, tão exóticas e românticas.
“Isto é a morna”, diziam. Fiquei encantada, ouvindo aquela música, à beira do Tejo...

GABRIELLA MONTALI


1 commento:

Lisananda ha detto...

...e devido ao texto da Gabriella, os que estão a ouvir morna neste momento em Roma podem sonhar com estar eles também à beira Teijo...obrigada!