giovedì 7 giugno 2018

JAN CLAUS DI BLASIO: «Como encontrar uma história portuguesa em Varsóvia…»



Agradecemos ao nosso aluno de nível avançado JAN CLAUS DI BLASIO esta história tão interessante que ele descobriu em Varsóvia e que quis partilhar com os leitores de Via dei Portoghesi.



«Como encontrar uma história portuguesa em Varsóvia…»

Há algumas semanas fui à Polónia para participar numa meia maratona organizada pela associação desportiva vegana polaca.

Foi para mim a primeira vez para mim que visitei a capital do país, Varsóvia e decidi passar alguns dias na cidade e os seus arredores.

Varsóvia é uma cidade estranha porque tem muita história, mas ela foi quase completamente destruída durante a segunda Guerra Mundial. A maior parte da cidade foi reconstruída e os turistas que visitam o país preferem visitar Cracóvia, porque acham que esta cidade é mais interessante do que a capital. 

Eu não concordo com essa opinião: é verdade que Cracóvia é uma cidade mais bem conservada do que Varsóvia, e que o centro financeiro e comercial da capital é muito moderno, mas Varsóvia tem um centro histórico bem reconstruído e, sobretudo, muitos parques enormes e museus.   
         
Varsóvia é bem conhecida pela sua história judaica e apesar do gueto já não existir, exceto um trecho do muro que separava o gueto da cidade, seria impossível esquecer a sua longa e complexa história judaica.

Eu tenho o hábito de levar sempre alguns livros comigo e, desta vez, escolhi o livro de um escritor americano que mora em Portugal e que escreve romances históricos sobre a história judaica no mundo (como o seu excelente O Último Cabalista de Lisboa). O seu livro é intitulado Os Anagramas de Varsóvia e tem lugar no gueto durante a ocupação nazi. Ler este livro deu vida ao gueto desaparecido e eu terminei o livro antes de visitar o extraordinário museu POLIN (Museu da História dos Judeus na Polónia), que foi premiado como melhor museu da Europa no ano 2016. 

Estou de acordo com esta nomeação porque é um museu incrível e não foram suficientes duas horas para o ver todo e, de uma sala para a outra, aprendi muito, diverti-me e também fiquei triste com os testemunhos e as imagens da vida no gueto e durante o Holocausto.

Mas, na segunda sala, eu notei um detalhe interessante: um curto texto falava de um certo Gaspar da Gama.

O Gaspar era um judeu de Poznan, na Polónia, que Vasco da Gama encontrou na ilha de Anjediva (Anjadip), perto de Goa, na Índia, e que foi convencido pelo grande explorador português a segui-lo para Lisboa, a converter-se (e herdar o seu apelido de Vasco da Gama, que foi o seu padrinho) e a tornar-se cavaleiro do Rei Manuel e a conduzir muitas expedições para a Índia.

Fiquei impressionado com esta história porque o Gaspar foi verdadeiramente um homem do mundo e a capacidade da adaptação dos judeus polacos era impressionante: ele falava muitos idiomas (europeus e indianos) e foi também um dos principais participantes da expedição de Pedros Álvares Cabral em que se descobriu o Brasil. 

Não se sabe muito sobre a sua vida, nem mesmo onde e como ele morreu, mas foi muito interessante para mim descobrir uma história portuguesa pouco conhecida num museu polaco!

Para concluir, eu recomendo visitar a cidade de Varsóvia e os seus museus (como o excelente museu da Insurreição do ano 1944 ou a casa-museu de Chopin em Żelazowa Wola) e, porque não, descobrir, como eu, histórias portuguesas onde não se espera.

JAN CLAUS DI BLASIO




Nessun commento: