lunedì 7 dicembre 2015

ALESSANDRO STOPPOLONI: os tempos livres


Convidámos os nossos alunos de Português de primeiro nível a escrever sobre os seus tempos livres. O primeiro a responder foi o Alessandro Stoppoloni, a quem muito agradecemos – pelo texto belíssimo e com uma perspetiva muito particular sobre o tema-base…

Boa leitura!



No texto que segue podia falar do que faço nos meus tempos livres, mas não vou fazê-lo. A razão é que nesta fase da minha vida eu tenho demasiados tempos livres e então vou falar-vos precisamente disto, desta sensação.           

Acho, e esta provavelmente é uma afirmação banal, que muitas pessoas gostavam de ter mais tempos livres porque isto
a possibilidade de ir mais ao cinema, de ler mais, de fazer mais viagens... e tudo isso teria um sabor especial.

Mas o que é o que acontece se os tempos livres são muitos, ou melhor, demasiados? Acontece que as mesmas atividades que antes nos davam muito prazer agora são menos saborosas. É um pouco como comer um pastel quando não temos apetite ou quando já comemos muito: potencialmente podia ser muito agradável e é-o sempre um pouco, mas menos do que o habitual.

Isto é muito claro aos domingos o aos sábados, quando geralmente os outros não têm de trabalhar. Na minha cabeça eles chegam de uma semana muito cheia e têm todo o direito de descansar. Estes são dias especiais. Para mim agora não é assim e, paradoxalmente, estes dias são até os “piores” porque não há a possibilidade de receber o e-mail ou o telefonema que podia mudar a situação e porque há um descanso que acho não ter merecido.

Neste momento é muito difícil que eu não possa fazer uma coisa porque não tenho tempos. Gostaria mais de ter de dizer “não posso” de vez em quando, de ter menos “tempos livres” e de ter um trabalho. Como acontece frequentemente, é uma questão de perspetivas.

 
ALESSANDRO STOPPOLONI

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